terça-feira, 17 de junho de 2014

Argentina 2x1 Bósnia e Hezergovina - La Maracanera ?

 Falas em espanhol, camisas listradas em vertical, sotaques castelhanos, expressões sulistas. Um estádio completamente azul e branco, regado por cantorias repletas de "dale dale", mãos balançando aleatoriamente e pulos sem parar. Com todas estas características citadas, é fato que estamos decifrando a torcida da Argentina.

 A grande surpresa é o lugar em que toda essa festa e empolgação for realizada. Rua Professor Eurico Rabelo, Rio de Janeiro-RJ, 20271-150. Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. O mais histórico e estonteante palco do futebol brasileiro, se não, do futebol mundial. Sim, foi lá, na nossa principal casa, que nossos maiores rivais fizeram a festa, pondo mais de 40 mil hermanos no estádio.

 Canções e músicas de apoio, provocações e xingamentos aos brasileiros em nosso principal palco não faltaram em nenhum dos noventa minutos de partida. "Maradona és más grande que Pele". "Argentina! Argentina!" "Messi mejor del Mundo!" "Maraca es nuestro!". Foram estes os gritos que ecoaram no estádio municipal há dois dias. Rolou até uma música para recordar os brasileiros da trágica eliminação em 1990 para eles.

 Com a garra e a raça que estamos acostumados a ver nos olhos dos argentinos, os torcedores empurraram o time, vendo Messi comandar com genialidade a vitória sobre a estreante Bósnia. Com o gol contra mais rápido da história das Copas e uma obra prima de Lionel Messi, a Argentina abriu dois a zero em dois tempos. A Bósnia ainda diminuiu com Ibisevic, marcando o primeiro gol do país na história das Copas.

 Notamos um Messi avassalador que, se obtiver espaço, faz o que quer com a bola nos pés. Mas além disso, pouca coisa. Vimos uma Argentina defeituosa, deixando espaços abertos e sendo pressionada em certo momento da partida pela fraca seleção bósnia, deixando a crer que há muitos espaços por onde jogadores de qualidade como Oscar, Neymar e Fred podem fazer a festa. Além de Lionel e Di María, os outros jogadores de frente tiveram atuação apática. Sergio Aguero desperdiçou inúmeras chances de presentear a sua torcida imensa no Maracanã com uma goleada na estreia.

 Mais doloroso que assistir ao show de Messi em solo brasileiro, foi ter de ver de braços cruzados a festa dos nossos inimigos no nosso templo. Senti-me como se meu maior vilão tivesse entrado na minha casa, xingado minha mãe, rasgasse meus livros e colocasse os pés sobre a mesa que como. Foi realmente triste e deprimente ouvir provocações ecoarem sobre os céus do Mário Filho, que naquela noite, tornou-se La Bombonera.

 Responder ? Sim, da maneira que sempre fizemos e continuaremos a fazer. Jogando, driblando, esbanjando beleza e harmonia pelos gramados. Para que assim, mais uma vez, deixemos os somente bicampeões mundiais chorarem novamente, como já choraram em inúmeras Copas Américas em que foram vice-campeões para nós. Lhes faremos esperarem, por pelo menos mais quatro anos, por um título mundial, que só veio depois de muita falcatrua. La mano de Díos que o diga.

 Que assistam ao gigante pentacampeão tornar-se hexa daqui um mês. E respondendo, Pelé é melhor que Maradona. Garrincha ainda mais.

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