Na ingenuidade tampouco perspicaz da vida, via a vida
e as histórias de duas maneiras; o certo e o errado. O sucesso e o fracasso.
Equívoco.
Sim, antecipo a tua fala. O discurso clichê – e correto – de que as derrotas e os erros nos dão aprendizado, resultam em experiência, esperteza, malandragem – no bom sentido – essência à alma que virá a enfrentar muito do pior. Equívoco? Sim, novamente.
Pois bem. A falta de experiência que aqui registro não
está na busca por compreender a importância dos tropeços. Mas compreender que
erros e acertos, sucessos e fracassos, estejam, talvez, entrelaçados por si só.
Uma história, aparentemente terminada, enterrada e compreendida como “errada”,
vem a dar certo algumas semanas depois, por ironia do destino, na maior
improbabilidade, o que faz o certo evoluir para perfeito, mágico, épico – ou
errado. Tudo graças ao adjetivo acima, o tal errado, dessa forma julgado,
desencadeia no certo. Ou incerto. Vai entender.
O objetivo ao fazer esse confuso e inquietante jogo de
palavras é justamente mostrar quão confusa a vida. Não há certo, errado,
fracasso, sucesso. Não existem apenas dois caminhos, nem três, quatro. O
caminho é um. Ou nenhum. Talvez não haja caminho. Talvez andemos sem rumo. Ou
damos voltas e mais voltas ao mundo, aprendendo tanto que nem percebemos.
Compreendamos que a gramática classifica certo e
errado, vitória e derrota, perdas e glórias como antônimos, expressões opostas.
No entanto, talvez, a vida tente mostrar-nos que ambas as experiências, se
vividas com essência, interpretadas corretamente, sejam sinônimos. Derrotas,
vitórias, lutas, glórias. Errado ou o certo. Talvez a vida seja um resumo o
errado que deu certo, ou vice-versa. Nunca se sabe.
São os tais sinônimos diferentes. Distintos por
detalhes, iguais em uma só história.
Tanta experiência – boa ou ruim – serviria de alguma
maneira. Poeta ou não, decifro em versos a minha interpretação, talvez correta,
da essência de viver. Vida que segue.