segunda-feira, 28 de julho de 2014

A volta de Dunga - A máscara de Marin frente à sujeira

 Na última terça-feira, foi anunciado um atraso. Uma volta. Um retrocesso para quem busca, precisa e necessita evoluir a qualquer custo. Se em 2006 voltamos ao passado ao anunciarmos Parreira, em 2013 com Scolari e Parreira novamente, agora, no 2014 pós Copa, mais um regresso é anunciado pela máfia frente à Confederação Brasileira de Futebol. Após quatro anos, Dunga está de volta ao comando do futebol brasileiro, mesmo tendo no mercado grandes opções como Muricy Ramalho e Tite.

 A justificativa do anúncio foi curta, grossa e clara, assim como todas as entrevistas ao perfil arrogante de Dunga. Os argumentos dados por Marin e Del Nero foram: 75% de aproveitamento, dois títulos, liderança nas eliminatórias e "45 minutos ruins".

 Com toda a sua experiência e malícia em política e tramoias, Marin tem inteligência suficiente para entender e saber que não se pode avaliar o trabalho de Dunga apenas pelos pontos positivos no geral. É melhor esconder os erros por debaixo do tapete.

 O temperamento descontrolado, o nervosismo que passava para o grupo, a arrogância como embaixador do nosso futebol e a falta de experiência em um cargo em que a necessidade maior é a própria, são apenas alguns pontos fracos do Gaúcho linha dura. Desrespeitava os repórteres, espalhava e cuspia grosseria e má educação aos montes, xingava e esbravejava com arbitragem e jogadores nos jogos. Após a derrota para a Holanda, não foi cumprimentar nenhum membro adversário, chutou o banco de reservas e voltou ao vestiário. Como pode ser um treinador? Simplesmente é um animal, conduzindo a seleção brasileira ao descontrole total.

 Foi assim por quatro anos, até 2010, e agora, não será diferente. Além de seu descontrole, sua teimosia e falta de malícia de trabalho também não ajudam. Treinou pela primeira vez uma equipe em 2006, a seleção brasileira. Em 2013, seu trabalho foi no Internacional, muito fraco e sem grandes resultados em um ano. Agora, volta ao cargo máximo de treinadores no Brasil. É como bater numa tecla que não funciona, bater insistentemente com esperanças que ela dê resultados, mesmo que esteja quebrada. É o mesmo que acreditar num treinador, teimoso, arrogante e sem conhecimentos táticos necessários para nos levar ao topo novamente. De tão orgulhoso e ríspido, Dunga pode deixar de fora craques como Neymar, David Luiz e Lucas para convocar jogadores de seu gosto, tudo por sua vaidade. Imaginem os problemas que isso causaria...

 O correto seria renovar, pôr um treinador novo, com a tática em dia. Um estrangeiro até seria bom, já que nossos treinadores não vivem uma fase nada agradável. Mas de nada adiantaria evoluir nossa comissão técnica se uma verdadeira máfia visando interesses econômicos conduz o nosso futuro. Não há nada a fazer quando se tem um homem da ditadura militar no cargo máximo da "democrata" Confederação Brasileira de Futebol, apoiado pela presidente Dilma Rousseff, que apanhou e sofreu de tudo e mais um pouco no regime do qual Marin era a favor há quarenta anos atrás. Só o poder para cegar as pessoas dessa forma.

 Portanto, como calar o povo, a imprensa e o mundo do futebol após a vergonha de três semanas atrás? Pintar e fantasiar um retrocesso de evolução. Dunga, por mais linha dura que seja, é um verdadeiro "pau mandado" dos mafiosos da CBF. Por que Muricy Ramalho não aceitou o cargo há quatro anos atrás? Por que Tite sequer foi sondado? Por que logo de cara descartaram um treinador estrangeiro? Pois sabem que se um homem honesto como Muricy, trabalhador como Tite ou qualquer estrangeiro acostumado com uma federação organizada, chegar aqui e dar de cara com ordens, convocações e partidas com fins lucrativos e toda essa máfia desordeira, colocariam em pouco tempo a boca no trombone. Pois é. Marin quer sossego, forjar o futebol brasileiro em paz.

 Portanto, é muito mais fácil trazer um Dunga, mascarar uma CBF disciplinada e esconder toda a sujeira para longe dos olhos do povo e da imprensa honesta. Mas quem entende de quem se tratam Marin, Del Nero, Gilmar Rinaldi, Teixeira e outros chefões do futebol brasileiro, sabe que eles não brincam em serviço. Se quiserem roubar, roubam. Se quiserem matar, matam. Se quiserem dominar tudo, dominam. Estão prontos para monopolizar por uma eternidade o nosso futebol, usando todo o poder que possuem, e toda a inteligência e malícia do mundo.

 Quem dera a inteligência destes homens fosse usada para o bem do futebol. Teríamos mais de dez títulos mundiais, com a maior facilidade. "Bem-vindo", Dunga.
                          

terça-feira, 15 de julho de 2014

Tanto na trave bateu, que uma hora entrou. É tetra, Alemanha!

 Injusto seria analisar essa conquista nesse curto período de um mês. Avaliar a performance alemã neste mundial em apenas sete joguinhos. Se vimos Philipp Lahm levantar o tão sonhado tetracampeonato germânico, o primeiro com o país unificado, sem a divisa do muro de Berlim, devemos entender que a história por trás desse gesto é muito maior que qualquer mundial.

 Conquistado o tri em 90, a Alemanha foi direto em queda livre a um abismo profundo. Na copa seguinte, após uma apática primeira fase, acabou por ser eliminada nas quartas pela modesta Bulgária. Em 98, novamente nas quartas, deu adeus sendo atropelada pelos croatas. Dois anos depois, uma vergonhosa e irreconhecível campanha na Eurocopa que terminou na primeira fase, espantando a todos que têm noção do quão enorme é o futebol alemão.

 Porém, todo e qualquer tipo de susto e problema, tem lá seu lado positivo. Assustadas e temendo um decréscimo ainda maior, as autoridades e grandes craques, como Franz Beckembauer e Müller, decidiram arrumar a casa. Fortaleceram as categorias de base, investiram em inovações, fortificaram a liga do futebol local e também os clubes que nela jogam. Mudaram tudo, decidindo aprender com os problemas que já se expandiam há dez anos.

 Formando jogadores, investindo na modernidade e retomando o ofensivo, veloz e belíssimo estilo de jogo alemão, fez-se jus ao tamanho e à grandeza daquele país, quanto à sua história no futebol, tendo logo em 2002, o primeiro resultado dessa evolução. Às pressas, Sob o comando de Rudi Völler, conseguiram chegar à final da Copa no Japão, parados apenas pela genialidade de Ronaldo e Rivaldo. Derrotados ? Jamais. Alemães tiram proveito dos fracassos, e modificam o tom da palavra. O que significa fracasso e falha para nós, para eles gera aprendizado e confiança.

 Na mesma dinâmica, seguia o planejamento. Em 2006, com Jürgen Klinsmann, no projeto da Copa do Mundo na Alemanha, o objetivo principal não era vencer a Copa do Mundo, mas sim, fazer sua população voltar a respirar o futebol como antes. Deu certo. Fracasso na derrota para a Itália nas semi-finais ? De forma alguma. Sucesso, ao unir novamente o futebol e seu povo, com disciplina tática e um futebol vistoso.

 Klismann deixava o cargo de treinador para assumir outro projeto nos Estados Unidos, mas deixava ali um legado de continuidade. Ao invés de renovar tudo e iniciar tudo do zero, assumia a seleção o auxiliar técnico da última Copa, Joachim Löw, mantendo os padrões e ideologias de seu companheiro. Manteve a base de 06, mas mesclando a nova e a velha geração. Formou um escrete de futebol ainda mais vistoso e veloz, encantando qualquer olhar futebolístico. Perdeu a final da Euro 2008 e o mundial na África nas semifinais, duas vezes para a Espanha, erros bobos de sua parte, alterações mal feitas no final das duas competições, por falta de experiência. Derrotado ? Não. Aprendeu, estudou, seguiu em frente.

 Em 2012, outro fracasso de Löw, por tentar igualar seu padrão de jogo ao dos espanhóis, com posse de bola e lentidão. Perdeu para a renovada e ofensiva Itália de Prandelli. Mais uma vez, aprendeu com os próprios erros, os problemas de mudar em cima da hora.

 Finalmente, 2014. Escrete pronto para a batalha, que durava vinte e quatro anos. Reus se machucou, deu lugar a Götze no time titular. Quatro zagueiros fixos, Lahm de volante, meio de campo em rodízio, falso 9. Deu certo contra Portugal. Contra Ghana, nem tanto. Contra os EUA, menos ainda. Colocou Klose como centroavante na segunda etapa, arrastou Thomas Müller para o meio. Deu certo. Contra a Argélia, manteve o time que vinha empacando. Quase perdeu a partida, sofreu pressão, sem ninguém para apoiar nas pontas. Na prorrogação, com Mertesaker lesionado, Löw não teve escolha a não ser devolver Lahm à direita, dar velocidade às pontas e pôr Schürlle de centroavante. Deu certo, Alemanha nas quartas. Contra a França, quem foi ao Maracanã pôde ver a diferença tática da equipe que enfrentou a Argélia. Klose de centroavante, time mais veloz e compactado. Mais um sucesso. Na semi, novamente, o mesmo time, contra o Brasil. Não é necessário dizer o que aconteceu...

 Na decisão, com Klose já consagrado, sem Reus, Khedira e Mertesaker, Kramer foi mais um a deixar o campo. Löw, sempre ousado, trocou o volante por mais um centroavante, que atuou como ponta. Schürlle, seu homem de confiança, desequilibrou. Na prorrogação, Klose foi substituído por Götze. Todos imaginariam Schürle como centroavante e Götze na ponta. Nada disso. O menino baixinho se infiltrou na área, e o grandalhão Schürlle fazia a festa na esquerda. Mias uma vez, deu certo. velocidade do gigante pela ponta, passe e gol de artilheiro do pequenino de 22 anos, que na grande área, tornou-se enorme.

 Paciência, persistência, continuidade, planejamento, disciplina, diversidade tática e técnica. Sobram adjetivos e características para esta seleção campeã do mundo. Venceram a Copa das copas, souberam enfrentar dificuldades, ter cautela e, principalmente, aprender com os erros, desde o tricampeonato, até o novo sucesso.

 Que o Brasil reflita, pois se com o susto de 2000 a Alemanha se reergueu, o fracasso de 2014, pode um dia, ser a grande chave para a volta do nosso sucesso. No dicionário alemão, Fracasso é Ausfall. Na ideologia Alemã, Ausfall é simplesmente Lernen. A partir do Lernen, se obtém o tão sonhado
Erfolg. SUPA DEUTSCHLAND!


GERMANY
1954 - 1974 - 1990 - 2014
  
* Lernen: aprendizado
*Erfolg: sucesso

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Brasil 1x7 Alemanha - LUTO

 Chorando, registro aqui neste melancólico momento da minha vida, a minha indignação. Afinal, de nada adiantou esperar sessenta e quatro anos. Se antes agradecia por não ter presenciado o pavoroso Maracanazo, hoje belisco-me, de minuto em minuto, para saber se o que vivo hoje, é realmente verdadeiro. Desolado, tento relaxar minha alma, carregada de tristeza e ódio.

 Aguardado mais de meio século, a catástrofe foi ainda maior. Não perdemos ou fomos derrotados, antes fosse apenas isso. Fomos agredidos, escorraçados, pisados, chutados, mortos e enterrados dentro de nossa própria casa. Uma derrota tão igual quanto a um lutador que não nocauteia seu adversário de vez, mas aproveita para humilhá-lo diante do público. Destroçou-se fibra por fibra os corações brasileiros, sem dó, resultando num sofrimento lento e desesperador.

 Vivo, ao vivo, à cores e saudável, infelizmente tive de presenciar este momento que me envergonhará até o resto da vida. É tanta indignação, que gastei mais de dois parágrafos apenas lamentando o leite derramado. É tanto erro, que mal sei por onde começar.

 Volto ao Maracanazo. O maior vexame da história do futebol brasileiro até ontem. Diante de 200 mil torcedores, a primeira Copa do Mundo escapava. Desde então, anos se passavam, Pelé, Garrincha e outros craques surgiam, nosso futebol se sobrepunha sobre o mundo inteiro, com títulos, histórias e genialidade. Tendo feito tudo e mais um pouco, mesmo assim, o Brasil nunca conseguiu apagar a agonia do fantasma de 1950. Cabia a estes homens, de 2014, que entraram ontem em campo, subir mais um degrau que nos levaria ao apogeu. E reza a lenda, de que neste lugar haveria uma borracha, capaz de apagar dez assustadoras letras: M A R A C A N A Z O.

 Pois bem, não apagamos, mas sim, pagamos. Pagamos pelo nosso passado. Pela corrupção e desinteresse que é esparramado pela Confederação Brasileira de Desportos e Futebol. Pelas lambanças desde a década de 70. É principalmente a partir deste tempo, que os condutores do futebol brasileiro simplesmente deixam de lado a evolução do futebol e começam a voltar-se apenas para o lado econômico da instituição. Amistosos contra Gabão e Kwait, jogos multimilionários em Londres e Dubai, hotéis cinco estrelas recebendo o escreve brasileiro, são apenas alguns dos inúmeros fatores que fazem o bolso de homens como Ricardo e Marins engordarem, e o futebol brasileiro passar tanta fome quanto um país subsaariano.

 Pagamos por todos os erros inaceitáveis que comprovam porque o Brasil não consegue manter-se seguro no topo. A demissão de João Saldanha em 69, a teimosia de Lazaroni em 78, o estrelismo em 82, o episódio Ronaldo em 98, a seleção obesa de 2006, a incapacidade de Dunga em 2010. A falta de profissionalismo e seriedade de uma seleção que tinha em suas mãos a maior missão da história de nosso futebol neste ano.

 Esperado tanto tempo para que a humilhação fosse aniquilada, apenas construiu-se uma ainda maior. Não foram míseros gols. Não foi disputado, não foi difícil. Foi ridículo. Vergonhoso. Foram manchadas de sujeira e imundice as nossas cinco estrelas, conquistadas com tanto suor e história. Foram SETE gols. Sofridos em casa, no nosso território, de maneira ridícula. com alguns dos melhores jogadores do mundo a nosso favor. Com esperanças antes do jogo, deparei-me com o passar do tempo com um verdadeiro time amador confrontando uma equipe profissional em um jogo treino. Lembrei-me do Taiti na Copa das Confederações. Acontece, é que o Taiti nunca disputou sequer uma Copa do Mundo. Muito menos possui cinco estrelas no peito. Podem até surgir mais dez, vinte, trinta estrelas. Este dia, jamais se apagará.

 A inaceitável disposição emocional, técnica, tática e física, comprometeram uma seleção meramente DESPREPARADA para disputar uma competição como a Copa do Mundo. Todos os problemas carregados do nosso negativo passado, comprometeram para erros ridículos. Amadorismo definiu e para sempre definirá a histórica humilhação de ontem.

 Que aprendamos que futebol é coisa séria. Não basta talento, se não há aplicação. Não basta técnica se não temos tática. Não existe HEXA sem disciplina, organização e planejamento. Que o nosso passado, pronto para ser apagado, seja visto com melhores olhos. Afinal, hoje, não é mais o pior de nossa história.

 E ao falar em passado, que os jogadores saibam que envergonharam Deuses como Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Zagallo, Amarildo, Gérson, Rivelino, Tostão, Heleno de Freitas, Zizinho, Ademir da Guia, Jairzinho, Gilmar, Djalma Santos, Bellini, e muito mais. Que Felipão aprenda que, na medida em que passa o tempo, o futebol evolui em todos os aspectos. Que os cartolas simplesmente morram queimados, todos eles, sem exceção. São eles os principais responsáveis por esta catástrofe. Que lembrem-se, até o último minuto de suas vidas, que quando responsáveis por nos concretizar como Reis do futebol, nos humilharam ainda mais, acabando com todo o respeito que antes tínhamos. NINGUÉM merece parabéns após ser humilhado. Vocês não merecem o mínimo consolo vindo de nós torcedores.

 O choro que hoje derramo, não é o meu choro. É o choro de Garrincha, Heleno de Freitas, Didi, Nilton Santos. Sinto todos eles agora, aqui, ao meu lado, jorrando lágrimas assim como eu. As mesmas lágrimas derramadas em 1950. E hoje, a mesma manchete usada na época, pode ser repetida. LUTO.

                  

As oitavas e quartas - Só espetáculo

 Atraente, fixante, tentadora e sedutora, tal como uma bela mulher. Seja necessário, trabalhar, estudar, treinar, durante um mês e um dia, o principal foco sempre será verde, com detalhes brancos e uma pequena circunferência, correndo livre ao redor de vinte e dois guerreiros. Seja qual for a necessidade, o objetivo ou os afazeres, o foco será, para muitos, a Copa do Mundo.

 Nunca se viu um mundial tão belo, com tantos jogaços. Tantos ? Que nada. APENAS jogaços. Espetáculos, de deixar qualquer amante futebolístico no planeta boquiaberto e estarrecido. Gigantes do futebol, carregando em suas pesadas camisas a tradição, o futebol potente e a responsabilidade de se manter no topo. Surpresas, jogando como gente grande, ameaçando e amedrontando as pesadas camisas do outro lado do campo. O sufoco suíço para cima da Argentina, a pressão chilena contra o Brasil, os ataques poderosos de Argélia e Nigéria contra franceses e alemães. Só jogaços, decididos no suor, no final, mesmo que sejam tão desiguais os pesos das camisas em conflitos.

 Nas quartas, jogos mais truncados, aguerridos, de cautela. O peso das camisas prevaleceu sobre a perseverança dos pequenos. O Brasil, no suor e no tamanho, derrubou a forte e ágil Colômbia. A Argentina, na sorte, sorte de gigante, desestabilizou com um gol a Bélgica. A Costa Rica bem que tentou, até empatou, mas na disputa de pênaltis, se apequenou não só diante da Laranja Mecânica, mas também do enorme goleiro Krul.  No único encontro de gigantes, presenciado por mim no maior templo do futebol mundial, a tática Alemã prevaleceu sobre o confuso, embora bonito, desentrosado futebol francês.

 Mortas mais doze, sobram quatro. Quatro gigantes, nove títulos mundiais entre três campeãs mundiais e uma revolucionária da década de 80. Tamanho é o que não falta nessas semifinais da Copa do Mundo no Brasil.

 E se tivermos sorte, no dia treze de julho, passando os dois sulamericanos, teremos a maior final da história de todo o futebol. Não há necessidade nem de dizer qual é.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Brasil1(3)x1(2)Chile - Oremos, pois só assim venceremos

 Inicio aqui nesse texto, crônica, carta, seja como qualquer leitor interprete, revoltados e preocupantes opiniões sem titubear. Embora esteja eu ainda na terceira linha, não há tempo a perder sobre tamanha situação de emergência na qual se encontra o escrete brasileiro. A copa do mundo no Brasil, para os brasileiros, pode sim tornar-se mais um fiasco após sessenta e quatro anos de espera.

  Escrevo rápido, digito veloz, de tão amedrontado que estou. Mesmo com todo este temor, a minha tensão não chega nem perto daquela vista nos quatro jogos executados pelo Brasil no mundial. Erros infantis nas saídas de bola, comuns de vermos em partidas da série C do campeonato brasileiro. Triangulações e envolvimento tático de forma fácil e tranquila feita por todos os adversários na intermediária e pelas pontas defensivas de nossa zaga. Erros de passe, falta de criatividade, gols que não se pode perder em nenhum tipo de partida, quem dirá numa Copa do Mundo.

 O esquema de Felipão é confuso, de difícil compreensão. Simplesmente não há ninguém no meio. Sim, é isso mesmo que vocês estão vendo durante a Copa do Mundo inteira: A seleção pentacampeã mundial, disposta a vencer a levantar a taça que não conquistou em 1950, não possui meio de campo.

 Luiz Gustavo atua quase que como um terceiro zagueiro. Fernandinho ou Paulinho presos à marcação. Três atacantes, e simplesmente um jogador que não é armador, colocado na posição clássica da equipe. Oscar nunca foi, não é e nunca será armador. Oscar é um homem de mais velocidade, disposto a penetrar pelas pontas, armar jogadas pela linha de fundo. Não possui as mesmas características e funções que Ronaldinho, Jadson ou Ganso poderiam desempenhar. Não temos alguém para criar jogadas, ligar o ataque ao jogo, colocar alguém na cara do gol em questão de segundos. Cabe a Neymar fazer tudo sozinho, e Fred, assistir de dentro do campo, sem nada poder fazer.

 Nossas laterais também impressionam com tanta infantilidade e falta de poderio defensivo. Marcelo por nervosismo. Daniel Alves por falta de competência. Se contra o Chile, que ataca pelo meio, tiveram inúmeras dificuldades, imagine contra a aberta Colômbia de James e Cuadrado.

 Sem meio para armar ou laterais para marcar, o principal problema está no emocional de nossos jogadores. Ambos os titulares tem emocionais fraquíssimos. Júlio César, o nome do jogo, embora genial, chorou antes, durante e após as cobranças, esbanjando nervosismo. Thiago Silva, amedrontado e tenso, quis ficar o mais longe possível da marca da cal, apresentando tudo que um capitão não pode ter. Willian e Hulk, apressados e em pânico, desperdiçaram duas cobranças na disputa fatal. Num jogo contra uma equipe de maior porte, estaríamos perdidos.

 Nunca viu-se uma seleção brasileira tão nervosa e emocionalmente despreparada para um mundial. Jogadores jovens, imaturos, que se estão errando desta forma contra seleções medianas, imagine contra as gigantes daqui algumas semanas.

 Deixo a análise de lado, a crônica bonita, a as palavras rebuscadas que poderiam ser cravadas nesta edição da emocionante partida decidida nas penalidades pelas luvas abençoadas de Julio Cesar para mostrar meu relato de indignação, preocupação e espanto, com uma seleção que não representa o tamanho de sua camisa. Definitivamente, desta forma, o Brasil não tem condições de ser hexa campeão do mundo, Oremos por um milagre. Que os gênios que já nos deixaram, nos ajudem lá de cima.

     

sábado, 28 de junho de 2014

O gurpo da morte - vida aos mortos

 O que mais repito por aqui, mais uma vez veio à tona. O futebol nos surpreende, fiquemos boquiabertos. Grupo da Morte ? Morrem os mais fortes, assassinados pela morta Costa Rica. Pelo sonolento Uruguai. Pelo bravo futebol sul-americano. Morrem abraçados os dois gigantes europeus, tanto a tetracampeã mundial, quanto a inventora do futebol.

 Ninguém imaginaria a cogitada à lanterna do grupo classificada para a segunda fase com uma rodada de antecedência. Poucos apontariam a Inglaterra eliminada antes da última rodada do grupo. Irônico seria imaginar um confronto mortal entre Uruguai e Itália com a Costa Rica assistindo de camarote. Pois bem, nada é por acaso.

 Ouvindo as palavras de Jorge Luis Pinto em entrevistas, víamos a confiança estampada em seu rosto. Seus olhos não mentiam. Mesmo pequenos, jogariam como gigantes. Mais precisamente, a Costa Rica fora um miolo estragado num pão de um renomado padeiro italiano ou mesmo o vinho que se tornara vinagre na mais requentada adega uruguaia. E em Natal, na terra da luz, a mesma só brilharia de um lado, e para um dos dois gigantes, Natal viria a se tornar a cidade das trevas.

 Já o Uruguai, desacreditado, adormecido e desentrosado, deixava a entender que seria presa fácil num grupo repleto de assassinos. Serviu de impulso para a surpresa costa-riquenha, foi derrotada pela dita "mais fraca" do grupo. Parecia ali tudo perdido. Mas lembre-se de outra regra básica do futebol, principalmente em Copas do Mundo: para o Uruguai, não existe o impossível.

 Derrotou a Inglaterra, já abatida da primeira rodada, numa emocionante e aguerrida partida de Luís Suarez. Com a alma, o coração e, se necessário, até o fisioterapeuta em campo, decidiu uma partida mesmo quando ele parecia morto e inofensivo.
 Contou com mais uma zebra da Costa Rica, derrotando a forte e favoritíssima Itália. E com a vitória sobre os britânicos, os uruguaios respiraram, mostrando que nunca haverá morte quando se trata de Uruguai, mas sim um verdadeiro fantasma, eternamente vivo, em pé sobre a sua própria grandeza de quase cem anos.

 Já em Natal na última rodada, nenhuma duna da Arena ou do litoral era tão grandiosa quanto o clássico mortal de seis títulos mundiais, pronto e determinado a escrever história em noventa minutos. Com a bola nos pés, a superioridade italiana era óbvia. Mas se aprendemos algo com as histórias no futebol, é que em nenhum grupo da morte se sobrevive com a bola nos pés, mas sim com a alma neles. Corações preparados não para vencer ou perder, mas sim até morrer. 

 De tanto se impor sem a pelota, o Uruguai mostrou do que é capaz. Os gritos de Loco Abre u ecoavam ao redor da Arena, a alma de Gigha rondava o local. Tentando imitar os uruguaios, Marchisio confundiu raça com violência e eliminado foi pelo retângulo vermelho nas mãos do juiz.

 Com o passar do tempo, os cantos da torcida já indicavam: passarás o gigante que possui o dom de surpreender, calar a todos, fazer história no Brasil, seja qual for a época. E foi das costas de Godin, que o Uruguai tirou todo o peso mortal das costas.

 Os dentes de Luis Suarez não só fincaram o ombro de Chielini. Também cravaram e abateram a última presa, representando a morte da gigante europeia remanescente no letal grupo.

 No grupo da morte, sobrevivem os mortos, que apenas se fingiam, simplesmente para tornar duas simples vagas em acontecimentos históricos.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Deus salve a rainha! Mas mate esta geração

As vezes, ouço das mais línguas que o futebol brasileiro precisa evoluir. Que necessitamos de uma liga, um mercado forte, um futebol mais profissional. Usam quase sempre como exemplo, a Premier League. Internacionalização do futebol, investimentos pesados, organização de ponta, jogadores e investidores do mundo inteiro. 

Porém, é bom refletirmos a respeito do exemplo citado. A liga inglesa, de inglesa mesmo, pouco tem. Com tanto dinheiro, empresários e jogadores de nacionalidades variadas, não sobra nem espaço para o verdadeiro futebol britânico respirar.

Se a primeira opção é buscar atletas na América, Ásia, África ou até mesmo outros países europeus, para que servem as categorias de base? Tornam-se inúteis, tamanha é a circulação de jogadores de outras nacionalidades.
Sem base, não há novos jogadores ingleses. Sem mais atletas britânicos, não há renovação. Sem renovar, não há seleção.

Dependendo de alguns medalhões como Rooney e Lampard e formando poucas peças de reposição, com o passar do tempo, tão tradicional Inglaterra, inventora e revolucionária do famoso football, se tornará uma modesta seleção, que não chega para bater de frente com as grandes gigantes, assim como ela.
E é desta forma que vemos a Inglaterra despedir-se, com uma partida de antecedência, da Copa do mundo, na própria fase de grupos. Derrotada por Itália e Uruguai, a seleção britânica poucp ameaçou e em nada surpreendeu nos cento e oitenta minutos em campo no Brasil, sem exprimir um pingo de perigo e criatividade. Simplesmente vergonhoso, pelo tamanho do futebol inglês e o que ele representa para o seu povo.

É justamente por isso que, em parte, sou contra as ligas internacionais. Trazem d adquirem tanta gente ao redor, que não deixam espaço para o verdadeiro futebol nacional, aquele próprio que compõe a seleção do país. Sheiks não necessitam em formar jogadores, embora pudessem. É muito mais fácil, e até luxuoso, importar jogadores de todos os locais do mundo. E é com essa filosofia, que vemos a liga inglesa no apogeu, e a seleção cada vez mais no buraco.

É dessa forma que o futebol inglês vai sendo substituído. O quarto árbitro levanta a sua placa na lateral do gramado! SAI: Inglaterra. ENTRA: Dinheiro. Quando na verdade, poderia entrar a Grã Bretanha. Imagine Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte representando um só reino, assim como nas olimpíadas? Não custa sonhar. 

Brasil 4x1 Camarões - não curou, mas achou-se a provável cura

 Passa o tempo e os erros continuam. Passes errados na intermediária, marcação frouxa, jogadores cometendo gafes primárias. 

Nas laterais, os pontos fracos na marcação, sendo isso pela necessidade de apoio no ataque tanto de Daniel Alves quanto de Marcelo, já que o Brasil depende do volante moderno para armar as jogadas, que por sinal, tem decepcionado. Paulinho, desde que deixou o Corinthians, não tem mais o mesmo poder ofensivo e criativo, deixando a seleção a mercê de cruzamentos e jogadas individuais.

Embora tenhamos tomado um certo sufoco, deixado espaços e sabendo que contra uma gigante estaríamos encrencados, no segundo tempo uma solução foi encontrada. Sai Paulinho, entra Fernandinho. Ali, o grande problema do Brasil estava resolvido.

No esquema de Scolari, o volante é a peça principal. Além de marcar, arma e liga o meio de campo ao ataque. E nesta função, Fernandinho brilhou. Com uma assistência, um gol, diversas chances criadas e desarmes, o jogador adquiriu não só a confiança do treinador, como também da torcida.

Se havia um frio na barriga por não haver solução, hoje ela foi encontrada. Agora, os nervos estão voltados para a seguinte pergunta: Fernandinho entrará no lugar de Paulinho na decisiva partida contra o Chile?
Tem que entrar. Deve. Com o organizado e ágil time que têm, uma compactação tática é fundamental. Se convencemos segunda, um nome além de Neymar há de ser destacado: Fernandinho. 

sábado, 21 de junho de 2014

Desmascarou-se a campeã mundial

 Encantador, o futebol nos surpreende. Empolga o seu povo. Anima a quem acompanha. Mas quando necessário, endiabrado, chega assustar. Exige respeito, impõe justiça. Arregala aos olhos daquele que ousa, em qualquer circunstância, prever ou concretizar seu futuro, seja ele provável ou não.

 Se o futebol fosse substantivo, seria o abstrato, mas nunca, em hipótese alguma, o concreto. Nada nele é certo, não existe provável. Em seu dicionário, a palavra "favorito", tão dita e repetida por muitos, é plenamente insignificante. O futebol nos surpreende de forma encantadora e bela, mas ao mesmo tempo de maneira assustadora e letal, nos podendo fazer sorrir ou chorar.
Depois de qualquer surpresa absurda, a mesma frase se repete sem receios: "Quem diria?". Pois bem, os Deuses do futebol são quem dizem e afirmam.

 Se houve endeusamento em prol da atual campeã mundial, exagero foi. Jogando para traz, tocando a bola como se estivessem numa rodinha de bobo, falra de objetividade e anti-jogo, podem ser características de um superior em qualquer esporte, menos, futebol. Com o tempo, a justiça com certeza seria feita, e foi.
Com o tempo, o mundo acordou desta hipnose errônea de que o futebol espanhol era o mais bonito, quando na verdade, nos deixa a ponto de dormir ao assistir a partida. E neste mundial, comprovou-se o quão apática é a seleção espanhola. 

 Goleada brasileira com passeio de Fred. Humilhação diante da Holanda com show de Robben e Van Persie. Olé do Chile no Maracanã, se apossando de La Roja.

 Toque de bola improdutivo, futebol dem graça, e a pergunta surgia ganhando força: Por que assistir a isso? E foi nesse instante que o belo futebol se impôs. Pressionaram os espanhóis, descobriram os pontos fracos, abusaram da velocidade. Invadiram a tourada, lançaram os touros, lhes derrubaram ao chão.

 Comprovou-se então que derrubar animais tão fortes aparentemente, era bem mais fácil que o imaginado.
Volto a repetir a tão manjada pergunta dos que ousam apontar favoritos. Quem diria?
Quem diria que após tanto tempo de teorias e conspirações contra a Espanha, estaria eu certo e disposto a calar a todos que endeusavam o sonolento futebol espanhol, vencendo tantas partidas por apenas um gol? Quem diria que a humilhação seria tão grande? Quem diria que mais uma vez, assim como em 2010, o campeão mundial cairia tão cedo? Os Deuses do futebol, esses sim, dizem tudo.

 E que assim siga o futebol, impondo justiça e ensinando aos que ousam saber do que ainda está por vir.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Brasil 0x0 México - o que consertar

Se haviam erros e pontos fracos no Brasil, ficaram explícitos de forma clara ontem. Aos que viam no Mexico uma presa fácil, enganaram-se. Foi un verdadeiro "susto" para mostrar a realidade do que será a fase final da Copa do mundo.

Para os que esperavam do México uma postura defensiva e fechada, enganaram-se. Souberam tocar a bola, botá-la no chão. Arriscou chutes de longe, jogadas pelo meio e pela ponta, pressionando o Brasil em diversos momentos do jogo. Giovanni dos Santos, Peralta, Guardado e companhia arriacaram bolas perigosíssimas, que amedrontavam qualquer brasileiro.

O Brasil também criou, mas sem a mesma organização tática da equipe mexicana. Mais uma vez, sem aquele camisa 10 de verdade, o armador, o Brasil atacava e de forma desordeira, dependendo da habilidade individual de Neymar e Oscar, sem acionar em nenhum momento o centroavante Fred ou qualquer outro jogador de meio, preso sempre ao sistema defensivo.

Embora tenha atacado bastante e tenha sido Ochoa o destaque do jogo, a seleção ia ao ataque de maneira desordeira, nunca com jogadas tão bem trabalhadas.

Com isso, o Brasil não criava, perdia a bola e assistia o organizado México dar um show no Castelão. Para nossa sorte, a pontaria foi o ponto fraco deles naquela tarde.

Júlio César mostrou mais uma vez sua insegurança no gol brasileiro. Com o reflexo lento e saindo mal em bolas aéreas, espalmou para frente bolas relativamente fáceis. Dani Alves, como sempre, deixando a desejar no ataque e marcando muito mal. Marcelo? Nervoso, tendo e apático. Paulinho? Caindo de produção desde que foi para o Tottenham.  Ramires, desacostumado a atacar, esteve perdido. Oscar pouco pôde fazer. Fred isolado. Fica sem condições dessa maneira.

David Luiz, Luiz Gustavo, Neymar e Thiago Silva foram, na minha visão, os únicos positivos. De resto, todos falharam.

Demos muita sorte. Numa das jogadas, pudemos notar Giovanni dos Santos correndo pela direita. Ao aproximar-se da área, cortou para o meio em direção à meia-lua, até finalizar, não teve a menor dificuldade para passar dos defensores brasileiros.

Familiar? Claro. Uma jogada típica de Lionel Messi, para muitos, o melhor jogador do mundo. Se esta falta de firmeza na marcação se repetir numa partida contra ele, podemos começar a rezar.

Se contra o México foi esse sofrimento, quem dirá Cintra um gigante. Que consertemos todos os erros, antes que cheguem as provas de fogo.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Alemanha 4x0 Portugal - o coletivo faz a diferença

Poucos imaginariam um passeio tão fácil assim. Já surpreendente em Holanda e Espanha, a goleada era um resultado bem improvável na principal partida do grupo G.

Mesmo sem estar em seu auge, a Alemanha é a Alemanha. Desde sempre jogando para frente, com velocidade e da maneira mais objetiva possível, sempre com jogadores de alto nível e multifuncionais.

Lahm, que é lateral,  jogou de volante, deixando a direita para o zagueiro Boateng poder exercer sua forte marcação em Cristiano Ronaldo. O meia Thomas Müller, atuou como um falso nove, deixando a criação de jogadas à responsabilidade de Ozil, Kroos e Khedira. Medalhões como Klose e Podolski ficaram no banco, para modificar a característica dos jogadores  e confundir o adversário.

Portugal não pôde evitar o massacre. Mesmo tendo o melhor jogador do mundo a seu favor, uma andorinha só não faz verão. Sem criatividade, Moutinho e Meireles não conseguiam ligar o meio ao ataque. Hugo Almeida e Eder sofreram as consequências.

Cristiano nada podia fazer. Todas as suas jogadas eram evitadas pela defesa alemã, e os erros infantis de seus companheiros de ataque. Na defesa, desespero com a velocidade e inteligência ofensiva germânica. Como de costume, Pepe perdeu a caneca e foi expulso, embora exageradamente, após confusão com Müller. Com menos um, virou um treino para a Alemanha.

Thomas Müller fez muito mais que provocar a expulsão do principal defensor português. Finalizou, correu, apoiou e marcou três gols, mostrando que Miroslav Klose não está a sós na disputa pela artilharia mundial.

Enfim a Alemanha achou uma formou uma maneira de colocar a campo a sua nova geração, sem dispensar totalmente os seus medalhões. Qualidade nesse grupo há de sobra, mesmo que sem Mario Reus.

Não dá para subestimar a Alemanha, seja qual for a fase. Sua tradição, seus jogadores e sua disciplina falam por si. Quanto a Portugal, seria bom aprender a renovar sua seleção, que possui a mesma base há anos. Antes dependendo de Figo e Deco. Hoje, de Ronaldo.

Se o conjunto fala mais alto que a individualidade, o placar é gritado. Quatro a zero. Sem a menor dificuldade.

Argentina 2x1 Bósnia e Hezergovina - La Maracanera ?

 Falas em espanhol, camisas listradas em vertical, sotaques castelhanos, expressões sulistas. Um estádio completamente azul e branco, regado por cantorias repletas de "dale dale", mãos balançando aleatoriamente e pulos sem parar. Com todas estas características citadas, é fato que estamos decifrando a torcida da Argentina.

 A grande surpresa é o lugar em que toda essa festa e empolgação for realizada. Rua Professor Eurico Rabelo, Rio de Janeiro-RJ, 20271-150. Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. O mais histórico e estonteante palco do futebol brasileiro, se não, do futebol mundial. Sim, foi lá, na nossa principal casa, que nossos maiores rivais fizeram a festa, pondo mais de 40 mil hermanos no estádio.

 Canções e músicas de apoio, provocações e xingamentos aos brasileiros em nosso principal palco não faltaram em nenhum dos noventa minutos de partida. "Maradona és más grande que Pele". "Argentina! Argentina!" "Messi mejor del Mundo!" "Maraca es nuestro!". Foram estes os gritos que ecoaram no estádio municipal há dois dias. Rolou até uma música para recordar os brasileiros da trágica eliminação em 1990 para eles.

 Com a garra e a raça que estamos acostumados a ver nos olhos dos argentinos, os torcedores empurraram o time, vendo Messi comandar com genialidade a vitória sobre a estreante Bósnia. Com o gol contra mais rápido da história das Copas e uma obra prima de Lionel Messi, a Argentina abriu dois a zero em dois tempos. A Bósnia ainda diminuiu com Ibisevic, marcando o primeiro gol do país na história das Copas.

 Notamos um Messi avassalador que, se obtiver espaço, faz o que quer com a bola nos pés. Mas além disso, pouca coisa. Vimos uma Argentina defeituosa, deixando espaços abertos e sendo pressionada em certo momento da partida pela fraca seleção bósnia, deixando a crer que há muitos espaços por onde jogadores de qualidade como Oscar, Neymar e Fred podem fazer a festa. Além de Lionel e Di María, os outros jogadores de frente tiveram atuação apática. Sergio Aguero desperdiçou inúmeras chances de presentear a sua torcida imensa no Maracanã com uma goleada na estreia.

 Mais doloroso que assistir ao show de Messi em solo brasileiro, foi ter de ver de braços cruzados a festa dos nossos inimigos no nosso templo. Senti-me como se meu maior vilão tivesse entrado na minha casa, xingado minha mãe, rasgasse meus livros e colocasse os pés sobre a mesa que como. Foi realmente triste e deprimente ouvir provocações ecoarem sobre os céus do Mário Filho, que naquela noite, tornou-se La Bombonera.

 Responder ? Sim, da maneira que sempre fizemos e continuaremos a fazer. Jogando, driblando, esbanjando beleza e harmonia pelos gramados. Para que assim, mais uma vez, deixemos os somente bicampeões mundiais chorarem novamente, como já choraram em inúmeras Copas Américas em que foram vice-campeões para nós. Lhes faremos esperarem, por pelo menos mais quatro anos, por um título mundial, que só veio depois de muita falcatrua. La mano de Díos que o diga.

 Que assistam ao gigante pentacampeão tornar-se hexa daqui um mês. E respondendo, Pelé é melhor que Maradona. Garrincha ainda mais.