sábado, 28 de junho de 2014

O gurpo da morte - vida aos mortos

 O que mais repito por aqui, mais uma vez veio à tona. O futebol nos surpreende, fiquemos boquiabertos. Grupo da Morte ? Morrem os mais fortes, assassinados pela morta Costa Rica. Pelo sonolento Uruguai. Pelo bravo futebol sul-americano. Morrem abraçados os dois gigantes europeus, tanto a tetracampeã mundial, quanto a inventora do futebol.

 Ninguém imaginaria a cogitada à lanterna do grupo classificada para a segunda fase com uma rodada de antecedência. Poucos apontariam a Inglaterra eliminada antes da última rodada do grupo. Irônico seria imaginar um confronto mortal entre Uruguai e Itália com a Costa Rica assistindo de camarote. Pois bem, nada é por acaso.

 Ouvindo as palavras de Jorge Luis Pinto em entrevistas, víamos a confiança estampada em seu rosto. Seus olhos não mentiam. Mesmo pequenos, jogariam como gigantes. Mais precisamente, a Costa Rica fora um miolo estragado num pão de um renomado padeiro italiano ou mesmo o vinho que se tornara vinagre na mais requentada adega uruguaia. E em Natal, na terra da luz, a mesma só brilharia de um lado, e para um dos dois gigantes, Natal viria a se tornar a cidade das trevas.

 Já o Uruguai, desacreditado, adormecido e desentrosado, deixava a entender que seria presa fácil num grupo repleto de assassinos. Serviu de impulso para a surpresa costa-riquenha, foi derrotada pela dita "mais fraca" do grupo. Parecia ali tudo perdido. Mas lembre-se de outra regra básica do futebol, principalmente em Copas do Mundo: para o Uruguai, não existe o impossível.

 Derrotou a Inglaterra, já abatida da primeira rodada, numa emocionante e aguerrida partida de Luís Suarez. Com a alma, o coração e, se necessário, até o fisioterapeuta em campo, decidiu uma partida mesmo quando ele parecia morto e inofensivo.
 Contou com mais uma zebra da Costa Rica, derrotando a forte e favoritíssima Itália. E com a vitória sobre os britânicos, os uruguaios respiraram, mostrando que nunca haverá morte quando se trata de Uruguai, mas sim um verdadeiro fantasma, eternamente vivo, em pé sobre a sua própria grandeza de quase cem anos.

 Já em Natal na última rodada, nenhuma duna da Arena ou do litoral era tão grandiosa quanto o clássico mortal de seis títulos mundiais, pronto e determinado a escrever história em noventa minutos. Com a bola nos pés, a superioridade italiana era óbvia. Mas se aprendemos algo com as histórias no futebol, é que em nenhum grupo da morte se sobrevive com a bola nos pés, mas sim com a alma neles. Corações preparados não para vencer ou perder, mas sim até morrer. 

 De tanto se impor sem a pelota, o Uruguai mostrou do que é capaz. Os gritos de Loco Abre u ecoavam ao redor da Arena, a alma de Gigha rondava o local. Tentando imitar os uruguaios, Marchisio confundiu raça com violência e eliminado foi pelo retângulo vermelho nas mãos do juiz.

 Com o passar do tempo, os cantos da torcida já indicavam: passarás o gigante que possui o dom de surpreender, calar a todos, fazer história no Brasil, seja qual for a época. E foi das costas de Godin, que o Uruguai tirou todo o peso mortal das costas.

 Os dentes de Luis Suarez não só fincaram o ombro de Chielini. Também cravaram e abateram a última presa, representando a morte da gigante europeia remanescente no letal grupo.

 No grupo da morte, sobrevivem os mortos, que apenas se fingiam, simplesmente para tornar duas simples vagas em acontecimentos históricos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito Bom, parabéns!