sábado, 14 de junho de 2014

Chile 3x1 Austrália - Outros rojos fisgando a 2ª fase

 Após o dia de ontem, pudemos ver que o grupo B não está tão estável quanto imaginávamos. O mundo inteiro apostava, antes da Copa, uma classificação tranquila de Espanha e Holanda. Porém, o futebol nos surpreende até bem no início de um mundial. A goleada da Holanda sobre a Espanha e a convincente e bela vitória do Chile sobre a seleção australiana, mostraram que há outra seleção vestida de vermelho pronta para surpreender.

 Alexis Sanchez simplesmente aniquilou qualquer tipo de chance especulada pela Austrália. Valdívia, Vargas, Vidal e companhia, colocaram a retranca do país da Oceania na roda. Dois gols relâmpagos e um para fechar o caixão ao final da partida. No meio da partida, um gol de Cahill, para esquentar um pouco a partida. Não deu certo, o Cihle era superior. Deram um banho de bola, e estão prontos para repeti-lo novamente.

 Na quarta feira, Chile e Espanha enfrentam-se, num jogo de seis pontos, de vida ou morte. Um verdadeiro mata-mata em plena fase de grupos, entre a atual campeã mundial e uma aguerrida seleção que vive um momento de ascensão, que conta com o talento de seus jogadores, a força do estímulo e o espírito de guerra, comprado pela imprensa chilena contra a Fúria.

 Que a atual campeã do mundo abra o olho. Em 2010, Itália, até então atual campeã mundial, foi eliminada em último lugar de seu grupo, que por sinal, não tinha nenhum gigante. No caso da Espanha, o grupo é perigoso. Não há EUA e Eslovênia, mas sim Holanda e Chile. Uma humilhação já tomou conta da primeira partida.

 Agora, de frente com os leões chilenos, o tic-taca terá de correr, se quiser mostrar o porquê da cor vermelha de seu uniforme. Vermelho este que, para os chilenos, é deles por direito e determinação. Afinal, amigo, #LaRojaEsNuestra #VivaChile



sexta-feira, 13 de junho de 2014

Holanda 5x1 Espanha - O dia em que o relógio quebrou

 A decisão da última Copa do Mundo foi reeditada da maneira mais inusitada possível. A Espanha, seleção da posse de bola, do toque para os lados, do jogo de paciência, foi simplesmente aniquilado pela velocidade e potência do ataque holandês. Hoje, a "azul" mecânica, mostrou que não vem ao mundial para ser coadjuvante.

 Tocando a bola e jogando cautelosamente, os espanhóis atacavam mais, buscando sempre o último passe para o atacante Diego Costa, sempre vaiado ao tocar na bola. Na metade da etapa inicial, de pênalti, a Fúria já abria o placar, envolvendo os holandeses com o tic-taca e enfiadas de bolas geniais de Xavi e Iniesta.

 Porém, passava o tempo, a Espanha tocava, enrolava, de forma improdutiva como de costume, sem arriscar chutes ou jogadas mais perigosas. Com o tempo, a disposição física e o potencial ofensivo de Van Persie e Robben começaram a se destacar. Uma hora, o rotineiro e conhecido estilo de jogo espanhol iria ser manjado.

 Começou com um golaço de Van Persie no fim da primeira etapa, numa cabeçada certeira como poucas que já vi, após um lançamento milimétrico de Blind, bem ao estilo Gérson. Na segunda etapa, Robben mostrou porque é um dos melhores jogadores do futebol moderno. Dominou, entortou Pique e virou a partida para o país baixo. De Vrij e Van Persie novamente, aprovietaram as trapalhadas do goleiro Casillas, tanto na bola aérea quanto rasteira, irreconhecível comparando-o a quatro anos atrás.

 Para completar a humilhação, o condicionamento atlético de Arjen Robben decidiu novamente. Após correr, apoiar e participar em massa da partida o tempo inteiro, retira forças inexplicáveis para dar uma arrancada do meio de campo, deixar para trás os defensores adversários, deixar no Chão o goleiro espanhol e mandar para as redes. Cinco a um.

 Após o jogo, era impossível não se beliscar para saber se aquilo era ou não um sonho. A atual campeã mundial, a temida Espanha, sendo goleada pela sua vice campeã há quatro anos atrás. A experiência e o aprendizado de Robben, Persie e outros culminou a favor desta vez, arregalando os olhos de todo o planeta. Com uma marcação compacta, velocidade, exploração de contra-ataque e talento, a Holanda mostrou ao mundo que nenhum gigante do futebol mundial, por pior que seja a fase, nunca deve ser subestimado, ainda menos a seleção que revolucionou o futebol no século passado.

 Foi de azul que a Holanda pintou a Fonte Nova nesta tarde. Foi com talento que os holandeses colocaram o "bom futebol" espanhol na roda. Foi da Fonte Nova, que novos patamares começam a surgir.

 Que a Espanha aprenda que, no atual futebol, não tem mais essa de enrolar. se não for objetivo, o futebol pega você pelas costas. Enfim, o relógio espanhol começa a apresentar seus defeitos.

México 1x0 Camarões - surpreendente em todos os sentidos

 Numa partida de parecia de potencial fraco, viu-se um espetáculo. Num jogo em que a maior parte dos entendedores apostaram em Camarões, deu México. E com sobra. Debaixo de chuva, as "dunas" da Arena mantiveram sua estabilidade e Natal sediou sua primeira partida no mundial. E que partida.

 Dentre todos que desacreditavam na equipe mexicana, um desses fui eu. E queimei minha língua. Miguel Herrera deu outro perfil ao que estávamos acostumados a ver nos jogos mexicanos nos últimos jogos. Com mais jogadores do futebol local, maior união e sem estrelismo, definiu um padrão de jogo ao time. Camarões, favorito na partida, esteve irreconhecível. Chegou a assustar, criar boas jogadas, mas pouco se parecia com aquela equipe que sufocou simplesmente a Alemanha, num amistoso há duas semanas.

 Além da grande postura mexicana e o apagão camaronês, a arbitragem também assustou. No primeiro tempo, de três gols anulados, dois injustamente. Dois gols mexicanos, ambos de Giovanni dos Santos. É assustador termos tantos recursos, imagens detalhadas, fotos e filmagens que flagram tudo dentro das quatro linhas, mais de quatrocentas emissoras em volta da partida e NENHUM desses benefícios à disposição dos que mais precisam estar atentos aos lances: a arbitragem.  Sem essa tecnologia ao seu lado, os homens do apito tem uma chance absurda de errar e interferir diretamente no resultado de uma partida tão movimentada e bonita como a de hoje.

 Na primeira etapa, o México com fome e sede de gol. atacando, criando, correndo, marcando em cima e buscando o gol a todo momento. Nos primeiros minutos, Camarões assistia à movimentação da equipe de verde. Como o passar do tempo, os africanos passaram a criar mais e tomaram conta de uma pequena parcela da partida, que não durou muito tempo. Em Camarões, além da força física e disposição dos jogadores, nada mais impressionou.

 No segundo tempo, a história não mudou. Tendo dois gols mal anulados, o México continuou pressionando o adversário com triangulações e jogadas rápidas de Peralta, Giovanni dos Santos e Herrera. Não demorou para a equipe do continente americano abrir o placar e definir a partida com o artilheiro Peralta. 

 Hoje, aprendemos que no futebol, nada mais surpreende. Em má fase, México deu uma verdadeira aula de futebol e olé na irreconhecível seleção de Camarões, favorita ao segundo lugar do grupo antes do início da partida. Com a vitória, os atletas mexicanos fizeram sua torcida, que animou a Arena com os berros nos tiros de meta tradicionais em seu país, sair do estádio com uma confiança muito maior na sua equipe. 

Brasil 3x1 Croácia - um passo de sete

 Em São Paulo, ontem, às 17h, o primeiro passo da indeterminada caminhada foi dado. Enfrentando a Croácia, os meninos do Brasil tinham, na Arena Corinthians, a missão de estrear com o pé direito na tão esperada volta da Copa do Mundo ao verdadeiro país do futebol.

 Parecia tudo estar a favor da boa conspiração. Incêndio nos geradores? De manhã, bem antes do início do espetáculo. Amenizado com facilidade. Apagão de um quarto da energia da arena? O sol ainda iluminava a partida. Protestos violentos? Contidos bem longe do jogo. Problemas de um mundial mal organizado por um país mal dirigido, escondidos pela pura sorte do futebol. Dilma e Blatter calados ficaram. Sabiam que as vaias tomaria conta da Arena se ousassem se pronunciar.

 O hino nacional emocionou. Todos encheram o pulmão, a voz e o coração para saudar a pátria. Se o protocolo atropelou o nosso hino, derrubamo-os de volta, cantando ainda mais alto. Difícil dizer quem não derramou lágrimas naquele momento.

 Falando apenas de futebol, como era de se esperar, nos primeiros minutos, Brasil nervoso, tenso, com medo de arriscar. Errando passes bobos, marcando atrasado, caindo na armadilha do estilo de jogo croata. O toque de bola e a movimentação de Modric, Rakitic e Olic confundiam ainda mais a já apavorada defesa brasileira nos primeiros dez minutos, principalmente pelo lado direito, onde Dani Alves não cobria e forçava Thiago Silva a puxar a marcação para a direita. Bastava um cruzamento para que o pavor tomasse conta do Itaquerão. Não deu outra. Aos onze minutos, cruzamento da direita, bola resvalada por Perisic e gol contra de Marcelo.

 Quando tudo parecia perdido e todos imaginavam que o pavor tomaria conta do jogo até o fim, os meninos mostraram mais maturidade e cabeça fria que aquele time experiente eliminado pela Holanda há quatro anos atrás. Marcelo, autor do "gol" que abriu a copa, foi um dos protagonistas da reação brasileira. E no momento em que o Brasil mais precisou, as referências chamaram a responsabilidade para si. Paulinho, dominou o meio, Oscar deu show e Neymar, simplesmente, fez o que sempre soube fazer: brincar com os adversários. Dezoito minutos depois, com o Brasil marcando em cima, armando jogadas e criando chances, Neymar arranca pelo meio, passa por dois croatas e chuta colocadinho, no único lugar em que o Pletikosa, destaque na partida até o momento, não teria chances de evitar o empate.

 No segundo tempo, viria a virada brasileira. No mesmo ritmo da primeira etapa, Neymar e companhia continuaram a infernizar a defesa croata. Em bola rolada para Fred, até então sumido na partida, era a hora do centroavante aparecer. Na hora certa, com malandragem e experiência, faz teatro e cai na área. O árbitro japonês caiu junto. Pênalti cobrado por Neymar que, chamando a responsabilidade, virou a partida.

 Com o decorrer do jogo, Bernard, Ramires e Hernanes foram a campo, mostrando que o Brasil também tem quem dê conta do recado sentado no banco de reservas. Marcaram, apoiaram, renderam o que de melhor exercem em suas funções. Ramires e Hernanes mordendo a saída de bola croata, Bernard fazendo a festa pela esquerda, deixando tontos os marcadores. E foi numa fisgada de Ramires no meio de campo que a bola sobrou para Oscar, que passou por três adversários e, de biquinho, ao estilo Ronaldo ou Romário, mandou para as redes, fechando o caixão.

 Méritos também a Julio Cesar. Mesmo afobado e espalmando uma bola para a frente com perigo, mostrou-se seguro e passando tranquilidade aos seus companheiros nos momentos mais tensos. Dani Alves, Hulk e Thiago Silva não renderam o que melhor podem. Luiz Gustavo, Paulinho e Marcelo, na superação, deram conta do recado. Fred poderia ter sido mais explorado, o que me preocupa. O meio de campo do Brasil não jogou em prol, em nenhum momento, do seu homem gol. Neymar e Oscar chamaram a responsabilidade e foram geniais.

 Portanto, o primeiro passo foi dado. Há muito o que se fazer, o que melhorar, há se produzir, mas os meninos jogaram como gente grande, Neymar deu show e mostrou, mais uma vez, que pode ser o craque deste mundial. Pra frente, Brasil.