Com essa mudança, o estilo dos torneios disputados por clubes brasileiros se assemelhará um pouco ao futebol europeu, onde os clubes que disputam competições continentais também podem participar das nacionais. Por exemplo, o caso do Real Madrid, um clube que frequenta todas as Champions League ano a ano, mas mesmo assim pode disputar a Copa do Rei, segunda competição mais importante do país.
Porém, há uma grande diferença quanto a organização anual dos jogo no Brasil e na Europa. No Velho Continente, não há nenhum tipo de campeonato estadual ou municipal para serem disputados, o que dá tempo de sobra para grandes e pequenas equipes disputarem todas as competições que lhes forem permitidas.
Já no Brasil, mesmo desvalorizados atualmente, os campeonatos estaduais são essenciais e indispensáveis no nosso calendário futebolístico, devido ao amplo território do país e às tradições dos mesmos desde o início século XX. Sendo assim, o período da temporada encurta e os grandes torneios nacionais só podem ser iniciados no meio do ano.
Com a inclusão dos clubes da Libertadores na Copa do Brasil, a extensão do torneio nacional, a enorme carga horária do campeonato brasileiro, a copa sulamericana e ainda por cima a indispensável disputa dos estaduais no início da temporada, o número de lesões dos jogadores aumentará tremendamente. Agora que vivemos um tempo em que os grandes jogadores estão voltando ou vindo pela primeira vez para cá, como Ronaldinho, Pato, Seedorf, Zé Roberto, Forlán, Lúcio, Juan, Luís Fabiano, não é nada prudente aumentar o já intenso calendário brasileiro!
A cada ano que se passa, o número de futebolistas brasileiros lesionados aumenta 15% em média. Se com a antiga agenda de jogos os números já eram preocupantes, imagine agora com uma extensão considerável do calendário e com o aumento de jogadores com idade mais elevada... O próprio holandês Seedorf, que é um dos jogadores mais bem preparados fisicamente do futebol brasileiro, afirmou que "não é nada saudável" jogar tanto futebol em tão pouco tempo!
Acho que a CBF deveria pensar duas vezes de tomar decisões tão mirabolantes, pois com certeza, o número de atletas machucados aumentará, haverá tremendas reclamações, além de desvalorizar a segunda maior competição do continente, a Sulamericana, que terá muito menos brasileiros participantes a partir deste ano. Contudo, para conter isto, os clubes certamente optarão por lançar times reservas na Copa do Brasil, o que além de não aumentar, ainda por cima irá diminuir o nível do torneio.
Enfim, se a CBF permanecer com esta ideia suicída... é superlotação GARANTIDA NO DEPARTAMENTO MÉDICO!
