terça-feira, 6 de outubro de 2015

Petkovic recusou o Vasco para seguir no Criciúma. Resultado: demitido meses depois

Há pouco tempo, relatei na minha última pesquisa a falta de respeito e planejamento dos clubes com os treinadores do Brasil, cada vez mais despejados e em uma constante "dança das cadeiras", um verdadeiro rodízio de nível nacional e, como previsto, essa realidade se agrava mais a cada dia.

Além de mais quatro demissões registradas dentre os clubes da primeira divisão nacional, um outro desligamento me chamou a atenção nessa semana. Petkovic e toda a sua comissão técnica foram demitidos do Criciúma com menos de três meses e meio de trabalho na segunda divisão do campeonato brasileiro, Pet deixou o clube na décima primeira colocação da série B com 24 partidas, somando apenas cinco derrotas.

O sérvio declarou à ESPN no programa "bate-bola" que se surpreendeu com a decisão, e não é para menos. Em seu primeiro trabalho como treinador, Pet foi autor de improváveis e positivas proezas. Pegando um time desacreditado para torcida e imprensa, conseguiu levar o tricolor predestinado ao grupo de acesso à série A e manteve-se lá por boa parte do campeonato. Além disso, obteve uma sequência de 11 partidas invicto, tanto no brasileirão quanto na Copa do Brasil, competição onde classificou o time às oitavas de final, sendo eliminado pelo Grêmio - uma das sensações da temporada - nas penalidades, ainda por cima vencendo o tricolor gaúcho dentro de sua arena.

Com algumas oscilações, muitos empates e uma posição nula na tabela, Petkovic fora mandado embora, mesmo após recusar convites de gigantes do futebol brasileiro para honrar a palavra e seguir o projeto com o tricolor catarinense - Fui convidado pelo Vasco da Gama, para recusei. Não podia deixar o Criciúma - afirmou o treinador.

Criciúma demite Petkovic, que poderia estar no Vasco hoje.

No entanto, a diretoria do Criciúma não parece ter vangloriado a saudosa atitude de Petkovic, muito pelo contrário. Aparentemente, a cordialidade do sérvio de recusar salário e visibilidade maior pelo projeto do clube de nada adiantou, ou melhor, foi ignorada. Ignorada da mesma forma que seus números, feitos, vitórias e superações, no primeiro trabalho de um técnico de futebol. Logo de cara, Pet já teve em prática a noção de que mudou de profissão. De jogador de futebol a copo descartável. 

Se muitos criticaram Eduardo Baptista por ter abandonado o trabalho com o Sport para comandar o Fluminense, faço-lhes a pergunta: E se Baptista fizesse como Pet? O provável destino seria o que todos os treinadores, novos ou experientes, estão acostumados a ver no país da bola; um ambiente similar ao de uma lixeira de um escritório - repleta de copos de plástico. Usados quando cheios, despejados assim que a água acaba.

Uma hora os copos podem acabar. Teremos de beber com as mãos.


Daniel Braune