Há
pouco tempo, relatei na minha última pesquisa a falta de respeito e planejamento
dos clubes com os treinadores do Brasil, cada vez mais despejados e em uma
constante "dança das cadeiras", um verdadeiro rodízio de nível
nacional e, como previsto, essa realidade se agrava mais a cada dia.
Além
de mais quatro demissões registradas dentre os clubes da primeira divisão
nacional, um outro desligamento me chamou a atenção nessa semana. Petkovic e
toda a sua comissão técnica foram demitidos do Criciúma com menos de três meses
e meio de trabalho na segunda divisão do campeonato brasileiro, Pet deixou o
clube na décima primeira colocação da série B com 24 partidas, somando apenas
cinco derrotas.
O
sérvio declarou à ESPN no programa "bate-bola" que se surpreendeu com
a decisão, e não é para menos. Em seu primeiro trabalho como treinador, Pet foi
autor de improváveis e positivas proezas. Pegando um time desacreditado para
torcida e imprensa, conseguiu levar o tricolor predestinado ao grupo de acesso
à série A e manteve-se lá por boa parte do campeonato. Além disso, obteve uma
sequência de 11 partidas invicto, tanto no brasileirão quanto na Copa do
Brasil, competição onde classificou o time às oitavas de final, sendo eliminado
pelo Grêmio - uma das sensações da temporada - nas penalidades, ainda por cima
vencendo o tricolor gaúcho dentro de sua arena.
Com
algumas oscilações, muitos empates e uma posição nula na tabela, Petkovic fora
mandado embora, mesmo após recusar convites de gigantes do futebol brasileiro
para honrar a palavra e seguir o projeto com o tricolor catarinense - Fui
convidado pelo Vasco da Gama, para recusei. Não podia deixar o Criciúma - afirmou o treinador.
Criciúma demite Petkovic, que poderia estar no Vasco hoje.
No
entanto, a diretoria do Criciúma não parece ter vangloriado a saudosa atitude
de Petkovic, muito pelo contrário. Aparentemente, a cordialidade do sérvio de
recusar salário e visibilidade maior pelo projeto do clube de nada adiantou, ou
melhor, foi ignorada. Ignorada da mesma forma que seus números, feitos,
vitórias e superações, no primeiro trabalho de um técnico de futebol. Logo de
cara, Pet já teve em prática a noção de que mudou de profissão. De jogador de futebol a copo descartável.
Se
muitos criticaram Eduardo Baptista por ter abandonado o trabalho com o Sport
para comandar o Fluminense, faço-lhes a pergunta: E se Baptista fizesse como
Pet? O provável destino seria o que todos os treinadores, novos ou experientes,
estão acostumados a ver no país da bola; um ambiente similar ao de uma lixeira
de um escritório - repleta de copos de plástico. Usados quando cheios,
despejados assim que a água acaba.
Uma
hora os copos podem acabar. Teremos de beber com as mãos.
Daniel Braune